Explorando o Realismo Mágico: Uma Entrevista com um Artista Talhado Amalie

Hoje, temos o privilégio de falar com uma artista de tatuagem talentosa que encontrou uma forma de combinar seu amor pela arte e pela viagem através de sua fundação conjunta de The Remote Tour. Este programa de tatuagem traz juntos artistas de tatuagem de todo o mundo para criar peças únicas e aprender uns com os outros. Nesta entrevista, discutimos sua trajetória na arte, sua experiência na indústria de tatuagem e seu entusiasmo pela viagem. Também abordamos seu trabalho com The Remote Tour, que lhe proporcionou muitas oportunidades para se conectar com outros artistas de tatuagem e trazer novos estilos para sua obra. Como uma artista que se inspira em misticismo e realismo mágico, ela compartilha suas ideias sobre a interseção entre arte e narrativa, e como isso influencia suas tatuagens.

Conheça Amalie!

Conte um pouco sobre você. Por que você decidiu se tornar uma artista de tatuagem? O que você fazia antes de se dedicar à tatuagem?

- Tenho desenhado minha vida toda, e sempre soube que idealmente queria fazer algo onde a arte desempenhasse um papel importante na minha vida cotidiana. Quando você é criança e diz que quer viver desenhando, a resposta usual é “ok, isso é lindo, mas encontre um plano B” então a ideia de que eu pudesse literalmente desenhar para viver parecia irreal. Por isso, concluí que precisava encontrar uma profissão em que estivesse perto da arte, mas de uma forma diferente da que originalmente imaginava, e isso foi quando comecei a estudar história da arte.

Como começou sua carreira? Quem foi seu professor? Houve dificuldades em dominar essa profissão?

- Eu, como muitos outros da minha idade, estava apaixonado por Miami Ink, e outros programas de tattoo que seguiram em seus passos. Durante meus últimos anos no ensino médio, tive a ideia de que deveria ser um tattooer. No entanto, como mencionei antes, isso não parecia algo que estivesse na minha agenda. Assim, mesmo que fosse o que eu queria no fundo do meu coração, eu não conhecia ninguém com tattoos, minha família não via a atratividade, e eu era muito assustadinho para realmente entrar em uma clínica de tattoo e perguntar sobre as oportunidades de se tornar aprendiz.

Eu comecei a postar minha arte no Facebook, principalmente como uma forma de expressão criativa, e para obter feedback sobre o que eu estava desenhando. Isso levou ao meu ingresso, e foi por causa desses desenhos que fui contato pela pessoa que acabou sendo meu mentor, Mark Wosgerau de Sinners Inc.

Ele me convidou para mostrar meu portfólio, e quase imediatamente me contratou. Na época, era muito aprender fazendo, e não muito tempo depois comecei a fazer tattoos. Nesse momento, eu nem tinha um único tattoo em mim, mas isso mudou rapidamente.

As far as difficulties in mastering this profession? First of all I don’t feel like I’ve mastered anything, and second of all, yes everything every day. I’m under the impression that if you aim high enough, nothing is easy. It can come naturally to you, and you can have an inept ability to relax in certain aspects of tattooing, but that doesn’t mean that it’s easy.

Is tattooing art, work or something else for you?

- Tattooing to me is all of the above. It’s an art form, it’s a craft, it’s a passion, and it just also happens to be something that I managed to turn into my work, and for this I am incredibly grateful.

In your portfolio, there are many fantastic and complex works that combine elements of graphics, micro-realism, and geometry. What do you call your style yourself? And what are the distinctive features of your work that you highlight on your own?

- That’s a question a lot of us have a hard time answering, and honestly think it’s really difficult to decide how many subcategories of realism we want/need. My conclusion is that what I create can be described as magical realism. While many of the elements I use are realistic, I also pull a lot of inspiration from mystical, surreal and spiritual stories and motives. So the technical execution of my tattoos can be categorised as micro realism, but when it comes to the subject I’d like to call it that; magical realism.

I like to think some of the distinctive features in my work can be attributed to my knowledge of different directions within art history, which allows for me to pull on a lot of references that you might not otherwise see that often. When I create a tattoo, it very rarely consists of less than 10 references, combined with my own tweaks as well as hand drawn elements when it makes sense, and I believe it sets me apart from other artists within micro realism. One of the things I think about in every tattoo I create, is contrast; not only in shade values between light and dark, but between soft and sharp, realistic and abstract and in a general dualism that keeps the eye wanting more.

What is the most important thing for you in a tattoo?

- Uma das coisas mais importantes para mim quando se trata de tatuagem, é a execução técnica, mas também - e especialmente - a interação que tenho com meu cliente naquele dia específico. Meu orgulho está em minha consistência, não apenas no resultado técnico, mas também na impressão que deixo com as pessoas com quem tenho a sorte de trabalhar. É algo que considero extremamente valioso e que nunca quero comprometer.

De onde você obtém a inspiração?

- Eu obtenho muita inspiração de meus amigos dentro da indústria, mas também, como mencionei antes, das muitas direções da arte que realmente aprecio. Algumas dessas incluem surrealismo, Pre-Raphaelite, arte helenística e arte antiga. Nos últimos anos, tenho tentado encontrar inspiração fora da indústria de tatuagem, pois sinto que o realismo micro pode ter uma tendência a se tornar repetitivo, e a balança entre inspiração e imitação pode ficar um pouco turva.

Vamos falar sobre sua carreira. Como você avalia sua popularidade e como você acredita que ela pode ser medida?

- A classificação da popularidade dentro do mundo das tatuagens é difícil, a menos que você use algo tão tangível, mas às vezes reducionista, como números de seguidores, fila de espera ou classificação. Para mim, fatores importantes são; tenho a liberdade de fazer coisas que me passionam? Sou capaz de criar a arte que quero criar? Estou agendado tanto que não estou estressado com meu status financeiro? E consegui me posicionar como uma pessoa respeitável assim como como um artista? Embora eu acredite que consigo marcar todos os pontos acima, há certamente espaço para melhoria em todos eles.

Uma coisa que sempre fui muito orgulhoso de ter, que acredito atestar meus habilidades técnicas, é o fato de que tateei muitos outros artistas de tatuagem. Portanto, para mim, ser popular dentro de um grupo de meus pares é um aspecto muito valioso da popularidade como artista.

Você tem um número enorme de seguidores nas redes sociais, incluindo tanto coletores quanto artistas profissionais de tatuagem. Pode dar uma dica baseada na sua própria carreira para novos artistas de tatuagem que queiram seguir seu exemplo?

- Este é um difícil, pois realmente depende do assunto que estamos falando. É mental, técnico, networking ou algo completamente diferente. Mas acho que uma das minhas lições mais importantes foi, permanecer gentil. Passei por um período na minha carreira, quando vi pessoas que eram tecnicamente menos capazes do que eu, e que não tratavam bem seus clientes; elas recebiam muitos elogios, pois as pessoas eram atraídas pela sua mistéria e força bruta. Isso me fez sentir muito dividido sobre se eu estava fazendo algo errado, e precisava simplesmente “não dar merda” e ser esse artista misterioso que parecia ser o que as pessoas queriam, ou assim parecia. 

Estou incrivelmente feliz que achei paz e valor em ser eu mesma, o que resultou em algumas relações muito satisfatórias com clientes de longa duração, bem como colegas de trabalho e amigos dentro da indústria.  Isso não me deu a quantidade de seguidores, notoriedade ou até taxas que algumas das tatuagens mencionadas antes, mas me garantiu longevidade e lealdade, que, para mim, é muito mais importante no longo prazo.  

Você viaja muito para o trabalho? Onde e com quem você teve a oportunidade de trabalhar? Poderia me contar sobre a experiência mais significativa para você?

- I started doing guest work after maybe 4 years of tattooing, and since then, it’s something I’ve done consistently. Some of the artists I’ve worked with, who have had the biggest impact on my tattooing as well as mindset, are people like Bartosz Panas, Kuba Kujawa, Mads Thill, Oscar Akermo and Snuffy. Listed chronologically, these artists represent huge influences in my work as well as life, and are indicative of the style changes I’ve had throughout time; from neotraditional to more conventional realism, to what I do today. 

Luckily, there are many significant experiences, but working, learning and doing conventions alongside Kuba Kujawa, Mads Thill and Bartosz Panas changed my tattooing and mindset completely, Oscar Akermo became one of my closest friends and has been a huge influence for me ever since, and Snuffy has taught me so much about the mindset that’s necessary to keep your integrity as and artist and person, not just tattooer; while connecting me to a whole new world of creatives outside the sphere of tattooing.  

Which country do you consider to be the best for a career in tattooing and why?

- That really depends on what kind of style you’re doing, if you ask me. In my humble opinion, Spain has the best neotraditional artists, Eastern Europe the best colour realism, Germany the best within more progressive styles such as abstract tattoos and neotribal, and South Korea and specifically NYC the best within micro realism.

How about tattoo conventions? Can you share your experience?

- I have worked quite a few tattoo conventions in the past, but not the past 5 years or so, which is the period when I pivoted more towards the style I’m doing now. To my knowledge, there aren’t really any conventions that cater to the style that I do, as conventions are simply an older concept that comes with the expectation of very clean cut styles. Traditional, black and grey, colour realism, large scale and so on; and my work rarely fits into neither category.

Also, I like comfortability, for me as well as my clients, and that is not something that can be ensured at a convention; so I don’t feel like I deliver my best work at a convention, and that’s something I’m not willing to compromise. 

I do, however, love conventions for the social aspect; meeting up with artists I don’t normally see in day to day life, but miss from guesting, previous workplaces or other conventions. 

No início da minha formação, foi também uma oportunidade única de conhecer meus ídolos de tatuagem e ter a chance de assistir a eles trabalharem. 

Sabemos que você é um dos organizadores do The Remote Tour para tatuadores de diferentes países. Por favor, me conte sobre este projeto. E como popular as tatuagens são no seu país? Quais são seus objetivos profissionais?

- Juntos com meu parceiro de negócios e um dos meus melhores amigos, Mads Thill, fundamos um evento chamado The Remote Tour, onde facilitamos uma troca criativa multidisciplinar nas mais belas condições no Art Villas Costa Rica. Somos uma mistura de tatuadores, pintores, escultores, músicos, fotógrafos e videógrafos entre outras áreas de todo o mundo, que se reúnem para criar e inspirar em um lindo resort na floresta de Costa Rica. 

Tattooers have clients flying in, some of them who stay with us at the resort, and some of them local, who join us for one or multiple days. It was something that happened incredibly organically, and we intend to let it keep developing just like that. Other than Costa Rica, we intend to do tours in Europe, Asia and North America as well, and are excited to welcome new artists from other fields of expertise as well.

Tattoos are incredibly popular in my home country of Denmark, and it was something we all thought was peaking back when I started out close to 12 years ago, but has only gained popularity since then.

Tell us about your plans for the near future.

- I’m currently working on executing the intentions we have with The Remote Tour, so we can introduce our artists as well as clients to new amazing locations. 

Além disso, estou fazendo colaborações com marcas de roupas e projetos que conectam a cultura dos tatuagens com o web3, já que sou sorteado o suficiente para estar ao redor de pessoas produtivas nesse setor, que era um mistério para mim. Por fim, como já mencionei, tatei muitos outros tatuadores, e isso gerou uma demanda razoável por projetos como seminários técnicos, que se destinam a tatuadores intermediários e mais experientes. Isso é oposto a muitos seminários existentes, que frequentemente são comercializados para pessoas que estão apenas começando ou ainda não estão em sua jornada de tatuagem, no qual caso prefiro um abordagem mais prática que um seminário online não pode garantir. 

Em resumo, estou muito animado para ver o que este ano próximo tem a oferecer, pois será definindo novas direções em minha carreira, algo que eu não tive coragem antes de explorar; mas agora, o momento parece certo.