Quando Renato Vision liga sua máquina de tatuagem, sente-se como se estivesse se conectando ao próprio “mente da criação.” Durante mais de quatorze anos, o artista de São Paulo transformou o blackwork geométrico e a geometria sagrada em uma linguagem que expressa o que as palavras deixam de dizer—filosofia, buscas espirituais e os ritmos do universo. Dentro de seu studio Quantica Tattoo, cada peça começa com uma conversa honesta, transformando a sessão em um ritual onde a história do cliente é gravada na pele.
De um mês de isolamento autossuficiente a turnos pela Europa, de tatuar um ator de Hollywood a manter uma lista de espera de seis meses, a jornada de Renato é construída sobre uma honestidade radical. Ele trocou o brilho competitivo das convenções por viagens e exploração interna. Nessa entrevista, ele explica como a tatuagem se torna uma ação de auto-descoberta—e por que a autenticidade ressoa mais profundamente do que qualquer tendência.

— Renato, me conte um pouco sobre você: há quanto tempo você faz tatuagem?
— I did my first tattoo 14 years ago, and since then, tattooing has become not just my profession, but an extension of my personal quest for meaning and expression. Today, I run my own studio in São Paulo, Brazil — Quantica Tattoo— where I work with people from all over the country and abroad. I also love traveling to tattoo and expand my artistic perspective — my most recent trip was to Stuttgart, Germany, in 2025.

Beyond art, I’m deeply inspired by subjects like spirituality, self-knowledge, philosophy, and even ufology. These topics fuel my creative process and often find their way into my designs. I believe tattooing goes far beyond placing an image on the skin; it’s a way of accessing the invisible, giving form to the symbolic, and eternalizing meaningful moments and feelings. My work often acts as a bridge between what is felt and what is revealed through the body.

— Tell us about the beginning of your creative journey: how did it all start, and how did you come to tattooing?
— Desde que eu era criança, desenhar foi uma forma natural de expressão para mim. Ao longo do tempo, fui me conectando cada vez mais ao mundo da arte, até que descobri a tattooing em uma oficina onde comecei a trabalhar como assistente. Eventualmente, fui formado lá e essa experiência moldou-me profundamente. Ensinou-me não apenas como fazer tattooing, mas também o que realmente é tattooing — o valor de respeitar a arte, não copiar outros artistas e agir com integridade neste mundo.

— Como você chegou ao estilo de blackwork geométrico e geometria sagrada? Foi um caminho gradual ou uma escolha consciente?
Explorar muitos diferentes estilos ao longo dos anos — tradicional, nova escola, oriental, geométrico, tribal, Maori, ornamental… Cada um me ensinou algo e ajudou a formar quem eu sou como artista. Embora eu tivesse resultados técnicamente sólidos nesses estilos, senti que algo estava faltando: uma verdadeira identidade. Então, parei tudo e mergulhei em um profundo processo de auto-descoberta. Gastei cerca de 40 dias em isolamento, estudando e tentando entender o que faz sentido para mim, tanto como pessoa quanto como artista. A partir dessa jornada, meu estilo atual nasceu — uma fusão de blackwork geométrico e geometria sagrada, fundamentada em tudo o que sou, acredito e vivo.

— What does sacred geometry mean to you, and why does it play such an important role in your art?
— Sacred geometry represents the intelligence of creation. It exists in everything — nature, the human body, the cycles of life. For me, it’s a universal language: silent, powerful, and deeply symbolic. Incorporating it into my art is a way of expressing balance, order, and spirituality through visual form. It brings meaning beyond just aesthetics.

— On your Instagram, you often refer to philosophy, psychology, and esotericism. How do these themes find their way into your work?
— Many clients come to me seeking something they can’t fully describe in words, but that they feel deeply. Philosophy and psychology help me better understand these inner searches and guide the creative process with greater sensitivity. These fields give me tools to access a person’s core — something that goes beyond visuals and connects with their story, their symbols, and their inner journey. Every person carries a unique narrative.

— What emotions or states do your clients most often invest in their future tattoos?
— Uma ampla gama — histórias de superação, homenagens, despertos espirituais, laços familiares, amizades significativas, transformações da vida. Muitas tatuagens nasceram de experiências intensas e transformadoras da vida, e traduzir isso em forma simbólica é o que me inspira mais.

— O que é mais frequentemente sua fonte de inspiração no seu trabalho?
— Além da arte visual — como esculturas, arquitetura e pintura — a música é minha maior companheira. Ela faz parte da minha vida cotidiana e me ajuda a alcançar estados criativos. Eu também me inspiro nas ritmos da natureza, padrões repetitivos e estruturas universais. Tudo isso alimenta minha visão artística.

— Como você trabalha em um novo projeto? Onde começa o processo de criar um esboço?
— Sempre começa com uma conversa profunda. Ao fazer as perguntas certas, consigo entender as emoções, intenções e histórias pessoais por trás da ideia. Apenas então começo a desenhar. Cada linha nasce dessa imersão no mundo interno do cliente.

— Há tatuagens em seu portfólio que você está especialmente orgulhoso?
— Sim, muitos. Mas esse sentimento evolui ao longo do tempo à medida que minha perspectiva muda. Algumas peças se destacam não apenas por seu resultado visual, mas também pela mensagem que carregam e pela conexão que tive com o cliente durante o processo. Essas tatuagens se tornaram verdadeiros rituais.

— Você fez uma tatuagem para o famoso ator americano Jessie Usher. Pode nos contar como foi o processo de trabalhar em sua tatuagem? Qual foi a solicitação de Jessie?
— Ele me contatou por meio do Instagram — fiquei genuinamente surpreso ao ver sua mensagem. Ele disse que queria ser tatuado por mim e estava disposto a vir até o Brasil para isso. E ele realmente veio — durante a semana do seu aniversário, na primeira visita ao país. A principal razão de sua viagem foi a tatuagem. Criamos uma peça simbólica e significativa: uma homenagem aos seus pais, representados por um dragão do zodíaco chinês.

— Você tem outras pessoas famosas entre seus clientes?
— Eu tatué alguns influenciadores do YouTube, mas minha atenção sempre foi no fundo da história de cada indivíduo, independentemente de sua fama.
— Conte um pouco sobre seu studio de tatuagem Quantica em São Paulo. O que é esse lugar?
— Black Quantic é um espaço projetado para criatividade, evolução e troca artística. Ele apoia quatro artistas. Atualmente trabalho ao lado de João — que agora é meu parceiro comercial — e Will. Também mantemos um espaço para convidados para artistas de tatuagem que desejam compartilhar este ambiente. O estúdio é um espaço de imersão e liberdade artística.

— Agora, mais de 190.000 pessoas do mundo inteiro seguem você no Instagram. Na sua opinião, quando você se tornou realmente um artista de tatuagem popular?
— Acredito que isso aconteceu quando decidi totalmente me comprometer com meu próprio estilo e mostrar quem realmente sou. Quando parei de buscar validação externa e comecei a focar na autenticidade, minha obra começou a se conectar com as pessoas em um nível muito mais profundo — e essa é uma jornada que continua todos os dias.

— Você tem experiência participando de convenções? Se sim, por favor compartilhe.
— Sim, participei de várias convenções e ganhei prêmios em algumas delas. Mas com o tempo, percebi que o ambiente tende a alimentar o ego mais do que contribui para o crescimento verdadeiro. Hoje, acredito que a evolução real vem da jornada — estudos, viagens, troca de experiências e aprofundamento da sua identidade como artista. Para mim, agora, as convenções são momentos de alegria, reencontro e inspiração — não de competição.

— Você planeja qualquer viagem ou trabalho em outros países este ano?
— Sim, planejo retornar à Europa, explorar o Canadá e, talvez, realizar um projeto nos Estados Unidos também.
— Conte-nos, como está sua situação de agendamento agora? Há uma longa fila de espera?
— Atualmente, tenho uma fila de espera de cerca de seis meses no Brasil. Isso pode variar conforme meu horário de viagem, mas sempre tento manter meus agendamentos equilibrados e bem organizados para garantir que esteja totalmente presente para cada pessoa com quem trabalho.

Deixe a harmonia da geometria sagrada de Renato Vijn inspirar você - siga ele no Instagram para obras frescas e rituais de fundo, e visite seu site oficial para explorar portfólios, detalhes de agendamento e datas de viagens futuras. Aguarde: há inúmeros novos histórias esperando se tornarem geometria viva.
Comments (0)